Cavaleiro prateado

Desde de quando eu era bem pequenininha; eu me considerava forte.
Era uma coisa que, sei lá, estava certa no meu universo.

Enquanto a maioria das meninas do prézinho (o que não era um número muito grande de meninas...)
queriam ser bailarinas, eu brincava de power rangers no parquinho com os meninos.
Eu me considerava tipo, uma princesa moderna da Disney.
E não tenho nem um pouco de vergonha disso.
Eu pensava que se eu estava dentro da torre do dragão esperando o príncipe encantado, era por que eu tava querendo confete.
E que quando eu enxesse o saco em relação à demora do filho-da-puta, eu ia sossegar o dragão num canto e ir até o castelo daquele mimadinho pra mostrar pra ele com quanto cabelo se faz uma Rapunzel. Pra ver se ele entendia que resgates não podem demorar mais do que uma hora, por que o filme acaba
(é, a minha infância foi beeeeem disney.)

E isso sempre fez eu me sentir segura.
é, deve ser um pouco estranho.

Mas então, de uns tempos pra cá, eu descobri (leia-se: resolvi começar a considerar a possibilidade de) que não sou a pessoa mais forte do mundo.
Com um e sessenta e poucos, algo perto de 60 quilos e a massa muscular de um porquinho-da-índia;
talvez eu não seja tão independente assim.
Talvez eu ainda precise de proteção. (nossa, a mariana de seis anos deve estar muito decepcionada comigo agora)
não só proteção física. proteção emocional também.
qualquer proteção. Por que ninguém é realmente (e expontaneamente) forte pra tudo.


Tudo isso pra dizer que se eu sempre fui meu próprio cavaleiro prateado, e talvez esteja na hora de ser um pouco princesa. (Não em frescuras. mas em consciência. ah, sei lá se vão entender. Mas é só preu conseguir considerar a possibilidade - a verdade- de que eu não sou tão auto-defensiva assim)
Principalmente por não ser alta, grande e forte (e menos efusiva do que poderia :~ /por que ai se alguém encrencasse com o jeito pateta da moça do cabelo enroladinho viver a vida, eu simplesmente virava e falava "qualé!? sou alta grande forte e quebro a tua cara, morô?")


E tudo isso me veio de uma luz no ponto de ônibus.

Desde de segunda meus pais estavam me jogando um pro outro sobre quem me pegaria na escola quarta. Ela tinha que trabalhar. Ele ia viajar.
Depois de constatar que era meio-dia e ele ainda não tinha saido de casa; me deu um siricutico e eu fui pegar minha carona proclamando um bravo "eu vou voltar de ônibus", antes de fechar a porta.
Com o dinheiro já contado no bolso, eu assisti às aulas e vivi a vida de estudante.
Na saída, com o mapa na mão (é. mesmo nesse grau de ridículo eu continuava com pose de "um povo heróico o brado retumbante") nem falei tchau pra ninguém. Só fui seguindo, resolvida que, se um dia eu teria que me virar sozinha, que já fosse agora.

Minha mãe me ligou três vezes. uma falando que estava me esperando, preu sair logo da escola. eu contei o que estava fazendo e ela desligou na minha cara. uma pra me perguntar que tipo de fogo no cu eu tinha que não podia esperar ela. eu contei e ela desligou na minha cara. e uma pra saber com quem eu tava. eu falei sozinha e ela desligou na minha cara.
Meu pai me ligou duas vezes. uma pra perguntar o que eu estava fazendo. eu respondi, a gente desligou. e uma pra pedir preu passar uma mensagem quando tivesse entrado no ônibus e disse okay e a gente desligou.

/um problema que eu sempre tive foi a indecisão.
sempre antes, durante ou depois de eu fazer alguma coisa (QUALQUER coisa) eu começo a me questionar se deveria ter feito. Se não seria diferente. Que outras atitudes eu deveria tomas que se apropriassem mais à situação./

eu sentei no ponto, depois guardar o telefone (da última ligação da minha mãe) e esse "problema" veio.
E geralmente com o problema vem um desespero rápido e pessimista.
martelando que eu era uma anta por fazer uma coisa daquelas sozinha, num lugar desonhecido, a noite e no ponto mais isolado do bairro E com a minha mãe com raiva de mim (acredite, isso pode ser a pior parte).
-O ônibus passa de uma em uma hora, então o máximo que eu poderia esperar seriam 59 minutos. mas naquele estado repentino, isso não foi uma notícia muito boa.-

O mais estranho deve ser que, geralmente, do jeito que essa ansiedade neurótica e pessimista vem, ela vai. E foi só ver aquele 903 descendo a rua vinte minutos depois de sentar ali, que eu simplesmente fiquei mais leve.
1. motoristas simpáticos te ajudam à segurar um choro de vergonha.
2. Lalas ocasionalmente pegando o mesmo ônibus te ajuda à esquecer toda a merda acima descrita. :D

E assim que eu pisei em casa eu vi que eu tava viva.
Que a minha repentina rebelião independente tinha dado certo,
que como sempre eu fui exagerada demais,
e que eu realmente preciso por crédito no cartão de ônibus.

/Ontem tudo isso parecia bem mais racional e interessante, acredite.

Resumo: arrisque-se (?)
-eu realmente não queria fazer 17 sem nunca ter pegado um ônibus sozinha-

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Aleatório:
Pra vir pra cá, pege o ônibus no ponto da Cerqueira César. é mais lotado.

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Aleatório[2]:
sonhei que a elisa tava com o baleo batendo nas costas ( e andando com uma das meninas enjoadinhas da sala .-.")

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Aleatório[3]:
Tá, talvez o professor careca e fumado de história não seja tão ruim assim.
... Hoje tem aula do Gelfuso :D
e ele disse que a história da chapeuzinho vermelho era na verdade o retrato de uma mãe irresponsável, uma filha idiota, e uma velha louca com dois amantes (apelidados de "Lobo" e "Caçador") na época feudal..
é. eu acho que a minha parte disney e ele não vão se entender muito bem...
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Aleatório[4]:
Terapia do riso; né Gui?
HAHAHAHAHA Mª Assunta. HAHAHAHAHA
HAHAHAHAHAHA Aula de história HAHAHAHAHAHAAH
HAHAHAHAHAHA Apostila de história geral não chegou ainda, HAHAHAHAHAHAH



HAHAHAHAHAHAHA eu tenho que estender roupa agora AHAHHAHAHAHAHA


bjs.